Capa vazia

30 setembro 2004

pedem-me uma contribuição

Pediram. Aqui está. Escrevo. Não pediram, pediu. Lucas pediu, é sempre melhor especificar. Contribuo então em um espaço dedicado ao nada. Adiciono tudo, mexo bem, embaralho as idéias. Escrevo, apago. Tento uma frase de efeito. Não tento, foi só uma ilusão passageira de que algo viria e, sem esforço, eu vomitaria o que já está pronto. Mas, nada. Não há ânsia...só ansiedade. O tempo corre e eu caminho contra ele, atrasada. Não adianta nada. Já passou mesmo e eu não escrevi sobre nada. Mas não é esse o sentido? Então, sem nada termino esse parágrafo que, em tudo, não quer dizer absolutamente coisa alguma.

22 setembro 2004

Olhar da praia

No Sapê, o visual é mortal


Mesmo com perspectivas tão diferentes, é bonito ver como o caiçara consegue se manifestar com minúcia, apesar da estigmatizada lentidão. Se falta o espírito empreendedor, também é diluido esse espiríto que prende a dor.
Na amplidão é mais fácil andar desatento às próprias dores, medos e pudores. Tudo se dissipa na maresia, até a miséria humana de sermos só nós.
Quase sempre!

Sempre tão titular, mas e agora!

Carbonato de lítio
Toda semana se repete
E o zero chega em sete.
Será o que começa, ou finda?
O zero do já? Ou o zero do ainda?
Se vem sete, volto a zero
Se vem zero, quero sete
E nesse eterno não quero
Nada morre e nada cresce.
Mais ou menos se come
E sono é alimentação
O fim do zero ou sete
É o descanso do caixão

Geladeira que não gela,
Pense nela
Virão outras?
Que me gelam, poucas.
Embora o congelador diga:
-NO VACA, não há vagas!
Há peixe na gaveta de verdura,
Que como amor dura.


A neurose é minha droga pra ficar perto de ti

Dor que me toca a toda hora.
Pode ser você,
Pode não ser.
Deve ter nela, você.
Mas se tem é só por ter.
Quanto mais só, mais me dói.
Quanto mais dói, mais só.
E só, não mais dói, corrói.
Corroído, sou trapo, frangalho.
Mas ainda quebro um galho.

Morte, chute na cara.
Orgulho besta de ser humano.
Fila, fumaça na cara.
Orgulho besta de viver o progresso.
Choro, nada na cara.
Orgulho besta de sofrer o amor.
Repetitivo repetido orgulho bestial.
Eh orgulho besta.